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Ele começou na roça e agora é sócio-diretor de uma empresa de destilados que exporta para 25 países

 

 

Evandro Weber, 50, é da quinta geração de uma família de imigrantes alemães que veio para Ivoti, município na região metropolitana de Porto Alegre, em 1824. Eles trouxeram da Alemanha a tradição de produzir “schnaps”, bebida feita a partir do plantio da batata inglesa.

No Brasil, descobriram que usar a cana de açúcar no lugar da batata aumentava a produção e começaram a fazer cachaça. Dessa prática familiar nasceu a destilaria Weber Haus, nome que pode ser traduzido como "Casa dos Weber". O negócio foi fundado por Hugo Weber, pai de Evandro, em 1948. Hoje, o filho é sócio-diretor da empresa que produz, em média, 255 mil litros de bebida alcoólica por ano e exporta para 25 países.

Evandro nunca estudou formalmente os processos de destilação, mas aprendeu tudo trabalhando na roça com seu pai, sua mãe, Eugênia Weber, e suas duas irmãs, Mariane e Eliana Weber. Os quatro são seus sócios na destilaria. “Nós vivíamos da cachaça e da lavoura. Todos ajudavam e, por isso, aprendemos muito. Até o começo dos anos 2000, a produção ainda era bem rústica. Os alambiques, por exemplo, eram esquentados por uma fornalha, que tínhamos que abastecer com lenha constantemente”, conta o empreendedor.

Evandro sempre sonhou em aumentar a empresa da família e expandir as vendas para todo o Brasil e para o exterior. Em 2002, quando tinha 32 anos, decidiu que tornaria o seu sonho realidade. O primeiro passo foi transformar a fazenda dos Weber num ponto turístico onde as pessoas pudessem degustar e adquirir os destilados. Depois, inscreveu a destilaria em um projeto do Sebrae e do Inmetro de monitoramento das etapas da produção de cachaça. Com isso, foi possível identificar quais melhorias eram necessárias para aumentar a produção e conseguir os registros necessários para exportação.

Em busca de recursos para esses investimentos, Evandro foi atrás do Pronaf, programa de financiamento do BNDES para agricultura familiar, e em 2004 conseguiu um benefício de R$ 84 mil. Com a renda, investiu em maquinário e qualificação para vender fora do país e, em 2005, levou as cachaças Weber para uma feira internacional na Alemanha. “Essa oportunidade abriu nossos horizontes e, a partir daí, investimos cada vez mais nas vendas para o exterior”, diz.

Antes da pandemia, o empreendedor frequentava em média 8 feiras internacionais por ano, em países como Estados Unidos, Itália, Irlanda, Suécia, Japão e China. Segundo ele, foi durante um destes eventos que decidiu diversificar a produção e fabricar também gim e rum.

O processo produtivo das cachaças demora em média dois anos, desde plantio, colheita, moagem e fermentação até destilação e estoque. Segundo Evandro, as cachaças envelhecidas têm que ficar estocadas em barris de até 700 litros no mínimo por um ano. As versões premium ficam por 2 anos, e as extra premium, por 3.

Hoje, a Weber Haus comercializa 60 produtos diferentes: cachaças de diferentes idades, tamanhos e misturas; 5 tipos diferentes de gim; 2 tipos de rum; vinagre de caldo de cana e acessórios. A produção acontece na fazenda da família em Ivoti, em duas fábricas diferentes, uma de 5 mil metros quadrados e outra de 500, que funciona como um estoque. A empresa conta com 45 funcionários nas áreas de plantio de cana, colheita, destilação, engarrafamento, logística, financeira e administrativa.

Evandro destaca que a produção da Weber Haus é totalmente sustentável e que, além de proteger o meio ambiente, essa decisão foi estratégica para diminuir os gastos. “Tudo que tiramos da lavoura volta para a lavoura. Usamos placas fotovoltaicas para adquirir energia solar, todo o caldo de cana que sobra da produção é usado como adubo orgânico para o plantio. A água quente que sai dos alambiques gera vapor e grande parte das garrafas das bebidas são feitas a partir de vidros reciclados”, diz o empreendedor.

Como muitos dos clientes da destilaria são restaurantes ou lojas do tipo duty free, a empresa teve que se modificar na pandemia. Para isso, a Weber Haus investiu em supermercados e em vendas digitais e criou um e-commerce próprio, além dos marketplaces virtuais com que já trabalhava, como Amazon, Magazine Luiza e Mercado Livre. Atualmente, o comércio digital representa 20% do faturamento e o restante vem da venda para supermercados e restaurantes. Até o final do ano, a empresa pretende mudar a produção para uma fábrica maior e lançar uma cachaça extra premium de 21 anos, que vai custar entre R$ 5 mil e R$ 6 mil.
 

Matéria publicada por: https://revistapegn.globo.com/

Link da Matéria: https://revistapegn.globo.com/Negocios/noticia/2021/06/ele-comecou-na-roca-e-agora-e-socio-diretor-de-uma-empresa-de-destilados-que-exporta-para-25-paises.html

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